Outubro Rosa: 1,2 milhão precisa fazer mamografia, mas nem 17% fez ainda

Com o início do mês, as campanhas de Outubro Rosa, pela prevenção do câncer de mama, começam a todo vapor e o exame de mamografia volta ao vocabulário do dia a dia. O número de mamografias de rastreamento, como é chamado o exame de rotina, aumentou no primeiro semestre de 2022 em comparação ao mesmo período de 2019, antes da pandemia. Ainda assim, nem metade das mulheres que deveriam fazer o exame o realizaram: todos os anos, quase 1,2 milhão de pacientes deveriam passar pela mamografia de rastreamento em Minas Gerais. No primeiro semestre do ano, pouco menos de 17%, ou 201,5 mil delas, de fato o realizaram, segundo a Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG).

No mesmo período de 2019, foram 184,4 mil exames, número que despencou em 2020 e em 2021. Mesmo com a retomada do ritmo anterior à pandemia, o volume de exames fica longe da meta de 70% de cobertura, explica a presidente da regional mineira da Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM), a médica Annamaria Massahud. “Historicamente, a cobertura é de 25%. Vários fatores explicam isso. Algumas mulheres deixam de fazer o exame por medo de sentir dor, medo de radiação ou de descobrir o câncer. No nosso Estado, também temos a questão de algumas microrregiões sem mamógrafo, então há mulheres que precisam se deslocar mais de 100 quilômetros para fazer o exame”, pondera a especialista.

O Ministério da Saúde recomenda que mulheres de 50 a 69 anos façam a mamografia de rastreamento uma vez a cada dois anos — a SBM considera a faixa conservadora, por isso recomenda que o exame seja feito dos 40 aos 74, explica Massahud. Mulheres com parentes que tiveram câncer de mama, especialmente antes dos 45 anos, são consideradas de alto risco para a doença e a SBM orienta que comecem a realizar a mamografia anualmente a partir de 30 anos. Já a mamografia diagnóstica, quando há alguma suspeita clínica sobre um problema, deve ser realizada em qualquer idade.

Massahud reconhece que o exame pode ser dolorido e recomenda que as mulheres esperem o período menstrual passar para sentirem menos desconforto. “A dor é passageira, na maioria das vezes, e tem um benefício muito grande, que é a detecção precoce da doença. O diagnóstico precoce é igual a 95% de chance de cura”, reforça a presidente da SBM.

Ela também chama atenção para o cuidado com pessoas trans. Mulheres trans podem ter um risco aumentado para o câncer de mama devido à utilização de hormônios femininos, enquanto homens trans que não tenham realizado a mastectomia, retirada das mamas, podem ter um risco similiar ao de mulheres cis. Homens cis também correm risco, mas reduzido, e correspondem a cerca de 1% do total de diagnósticos.

Perdi o prazo correto da mamografia. Quando devo realizá-la?

Quem está na faixa etária recomendada para a realização da mamografia, mas há mais de dois anos sem realizar o exame, deve procurar um médico o mais rápido possível. Na rede pública em Minas Gerais, a mamografia de rastreamento é disponibilizada para mulheres de 50 a 69 anos sem sintomas de câncer de mama e a mamografia diagnóstica, para avaliar lesões mamárias suspeitas, em qualquer idade e inclusive para homens. A solicitação para o exame deve ser feita pelo profissional de saúde.

A presidente da SBM, Annamaria Massahud, destaca sinais que indicam mais urgência na realização do exame: “Em caso de percepção de nódulo na mama, alguma área mais dura; se a pele estiver ficando estranha, avermelhada ou mais grossa, parecendo uma casca de laranja; em caso de retração do mamilo ou de qualquer área da pele da mama retraindo; ingua nas axilas, nódulos, áreas mais endurecidas que não somem, ou em caso de descarga papilar, saída de líquido pelo mamilo espontaneamente, com sangue, principalmente, ou com um líquido transparente, como se fosse água”.

Fonte: Jornal O Tempo