Apenas 20% das mulheres tiveram suas mamas reconstruídas no Brasil entre 2008 e 2015

Sociedade Brasileira de Mastologia promove a Jornada Brasileira de Oncoplástica em São Paulo para qualificar mais profissionais e ajudar diminuir o número de mulheres na fila de espera do SUS

A reconstrução mamária é uma cirurgia ainda difícil de conseguir para milhares de mulheres brasileiras, principalmente aquelas que já realizaram a mastectomia há muitos anos e não tiveram suas mamas reconstruídas no mesmo ato cirúrgico. Preocupada com dificuldade da falta de acesso, a Sociedade Brasileira de Mastologia vem realizando cursos e eventos de educação continuada para qualificar mais médicos e ajudar a diminuir a fila de cirurgia do SUS. Um estudo realizado por pesquisadores da Rede Goiana de Pesquisa em Mastologia revela que das 210 mil mulheres que realizaram cirurgias de câncer de mama no Brasil entre 2008 e 2015, quase 44% (92,5 mil) fizeram cirurgia de mastectomia. Dessas, apenas 18 mil (20%) tiveram suas mamas reconstruídas pelo SUS, um cenário alarmante, pois a maioria das mulheres vive mutilada há anos aguardando pela cirurgia, seja por falta de informação, medo, vergonha ou autoestima baixa.

Neste fim de semana, a Sociedade Brasileira de Mastologia promove a Jornada Brasileira de Oncoplástica, que promete transformar a vida de pelo menos cinco mulheres que há anos aguardam pela cirurgia no SUS. Isso porque no primeiro dia do evento, elas realizarão as cirurgias no Hospital BP Mirante e as imagens ao vivo serão transmitidas aos médicos que estarão no Hotel Bourbon, em São Paulo. Entre as pacientes, está o caso de Miriam Santos, que levou quatro anos para conseguir realizar a reconstrução após retirada das mamas, que depois de passar por mais duas cirurgias agora fará mais uma para melhorar o resultado. Segundo o vice-presidente da SBM, Vilmar Marques, será realizado uma Lipoenxertia, a retirada da gordura de uma parte do corpo da paciente e implantada nas mamas. “Um dos procedimentos mais atuais em nosso meio e vem ganhando grande papel na reconstrução mamária. Se destaca por ser mais rápido, com bons resultados, poucas complicações e baixo custo” afirma o mastologista.

O objetivo do evento é trazer o mais variado número de técnicas para aprimorar o conhecimento dos participantes. A Jornada em 2017 completa seis anos e ao longo do tempo já foram qualificados cerca de 1300 médicos, entre mastologistas, oncologistas, cirurgiões de mama e residentes, que se reúnem para treinar e discutir técnicas dessa cirurgia capaz de mudar a vida das pacientes.

Para o Dr. Vilmar Marques, há casos que realmente não necessitam de reconstrução, porém pelo menos 74 mil mulheres estão mutiladas no país com condições clínicas para fazer a cirurgia, mas sem acesso devido à estrutura ou a recursos dos hospitais que não conseguem oferecer a prótese e a reconstrução. O objetivo da SBM é ampliar o número de cirurgias, diminuindo o quadro de mutilações e, para isso, é preciso aprimorar ainda mais as técnicas dos profissionais. “A reconstrução mamária já está incorporada na maioria das residências médicas na Mastologia e os cursos que estamos promovendo querem aprimorar ainda mais o número de especialistas em todo o Brasil”, diz o especialista.

A Jornada Oncoplástica será dividida em oito módulos neles serão discutidos temas sobre cirurgia oncoplástica no mundo, técnicas de cirurgia conservadora oncoplástica de mama, reconstrução mamária: o que está acontecendo na atualidade e também o que será chamado de “Desastres dos Mestres”, que serão casos complicados trazidos pelos mestres da oncoplastia, com palestrantes nacionais e internacionais, como Richard Rainsbury, da Inglaterra; Eduardo Gonzalez, da Argentina; e Mario Rietjens, da Itália.“A SBM está engajada em trazer aos seus associados o que há de mais moderno e recente em relação à cirurgia reparadora. Essa troca de experiências favorece a mulher e ameniza os danos caudados à ela”, afirma o presidente da SBM.