Um teste genético chamado de Oncotype DX evitou que 70% das mulheres com câncer de mama em estágio inicial (até 3 cm) recebessem quimioterapia sem necessidade no Hospital Pérola Byington, do governo de São Paulo.
O uso do exame neste hospital público fez parte de um estudo inédito no país realizado pelo Hospital Pérola Byington em parceria com o Grupo Fleury, divulgado neste sábado (13) no Congresso da Sociedade Brasileira de Mastologia.
“A partir de critérios clínicos, como grau de agressividade do tumor e idade da paciente, decidimos se ela vai ou não fazer quimio. Quando chegaram os resultados dos testes genéticos, em 70% dos casos nós mudamos de opinião. Ou seja, a avaliação clínica, apenas, não é suficiente”, afirma o mastologista André Mattar, membro da Sociedade Brasileira de Mastologia e coordenador do estudo.
Hoje, quando o tumor é considerado inicial, o protocolo é a cirurgia, segundo o médico. A quimioterapia é indicada de acordo com o grau de agressividade. O objetivo é prevenir que ele volte.
O exame Oncotype DX é feito no tumor retirado na cirurgia. Ele extrai o RNA do tumor, analisando 21 genes. O resultado se traduz em uma nota de 0 a 100. Quanto mais baixo esse valor, menor a necessidade de quimioterapia.
Segundo o médico, ele detalha o risco de agressividade do tumor, permitindo uma decisão terapêutica mais adequada.
O teste já está disponível no Brasil na rede privada e custa cerca de R$ 13 mil. Ainda não é oferecido pela rede pública nem é coberto pelos planos de saúde. “A ideia no futuro é ter um teste como esse disponível para todas as pessoas”, afirma Mattar.
Ele explica que, sem o teste, os critérios clínicos para a indicação da quimio são o grau histológico, que se refere à agressividade do tumor, que vai de 1 a 3, sendo que o grau 1 não apresenta a necessidade de quimioterapia; idade da paciente, ou câncer seja, mulheres abaixo de 50 anos se beneficiam mais da quimioterapia do que aquelas acima dessa idade; se há linfonodos comprometidos pela doença ou não; o valor dos receptores hormonais positivos de estrogênio e de progesterona – quanto maior o valor, maior o benefício com a hormonioterapia e menor com a quimioterapia. E o último parâmetro, o tamanho do tumor. Quanto maior, maior a necessidade de quimio, segundo o médico.
Fonte: R7