Obesidade e álcool levam ao crescimento dos “seios” em homens: como tratar?

Caracterizada pelo aumento anormal de volume da mama masculina, a ginecomastia costuma afetar não somente o físico dos homens que sofrem com problema, como também o lado emocional. A condição faz muitos homens e meninos se sentirem envergonhados quando estão sem camiseta ou até mesmo de roupa, prejudicando o convívio social e até a manutenção da postura ereta.

Esse aumento da glândula mamária é benigno, não necessariamente envolve o mamilo, e pode ocorrer em qualquer fase da vida por fatores fisiológicos, sendo que as causas mudam com a idade, conforme explica Antônio Luiz Frasson, presidente da SBM (Sociedade Brasileira de Mastologia), cirurgião de mama e mastologista do Hospital Albert Einstein:
No bebê Está relacionado ao estímulo do estrogênio (hormônio feminino) da mãe ainda durante a gestação. A condição é transitória, regride usualmente em duas ou três semanas. Na puberdade Até 60% dos meninos com idade entre 10 a 14 anos apresentam o desenvolvimento anormal das mamas, segundo a SBM. Isso acontece devido à grande produção hormonal da fase. O corpo tende a voltar ao “normal” espontaneamente por volta dos 16 anos. Em adultos Ocorre principalmente em obesos –pois o excesso de tecido adiposo (gordura) aumenta a produção de estrogênio — e em homens com mais de 50 anos, quando naturalmente há alterações hormonais relacionadas à velhice e andropausa.

Em todas as fases da vida, a ginecomastia pode ser unilateral ou bilateral e, mesmo quando ocorre nas duas mamas, o crescimento tende a ser desigual. Se não tratada, a ginecomastia pode desencadear não só a aparência feminina das mamas, como também dores, sensibilidade, coceira e até saída de leite pelos mamilos.

Álcool, anabolizantes e doenças também geram problema

Além dos fatores fisiológicos, o aumento do tecido glandular da mama pode ser provocado pelo uso de anabolizantes, maconha e bebidas alcoólicas, pois em excesso essas substâncias provocam alterações hormonais no organismo.

Alguns medicamentos, como anti-hipertensivos e antidepressivos também são responsáveis pelo crescimento de mamas em homens. “A ginecomastia está relacionada ainda a algumas patologias, como hipertireoidismo, obesidade, doenças hepáticas e câncer”, acrescenta Frasson.

Como é o tratamento

De acordo com Rogério Fenile, mastologista do Hospital São Luiz, o paciente adulto com suspeita de ginecomastia deve procurar um especialista quando observar sintomas como dor, saída de secreção pelo mamilo e aumento persistente da mama. “Nesses casos, o acompanhamento médico é fundamental para excluir causas mais graves, como tumores, e iniciar o tratamento.”

No estágio inicial, medicamentos ajudam a minimizar o aumento das mamas, dores, secreções e até alterações psicológicas. “Já a ginecomastia com mais de doze meses dificilmente responde a esse tipo de tratamento, tornando, em muitos casos, necessária uma cirurgia”, explica Luiz Eduardo Mendonça, cirurgião plástico e médico do Complexo Hospitalar Heliópolis.

A intervenção cirúrgica consiste na remoção de parte dos tecidos glandular e gorduroso ao redor do mamilo por lipoaspiração, lipoaspiração ultrassônica e mamoplastia redutora. Os procedimentos, que nesses casos são considerados corretivos e não estéticos, podem ser utilizados separadamente ou em combinação.

Existe risco de câncer de mama?

É importante esclarecer que o câncer de mama masculino não parece ter relação com a ginecomastia. No entanto, as duas doenças possuem fatores de risco em comum, como obesidade, sedentarismo, idade avançada, alcoolismo, problemas hepáticos, exposição da região torácica à radiação e tratamento com estrogênio.

Aumento da mama envolve danos psicológicos

Inibição, ansiedade, depressão e até automutilação são alguns dos problemas de ordem psicológica enfrentados por quem tem ginecomastia –principalmente jovens. “Por esses motivos, os pais precisam ficar atentos e, caso percebam o problema em seus filhos, devem levá-los ao médico e considerar a possibilidade de um acompanhamento psicológico”, comenta Marcia Stephan, psicóloga e docente da Puc-Rio (Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro). Ela alerta que até a escola precisa ser avisada para reprimir eventuais casos de bullying.

A psicóloga defende que a solução do quadro pode solucionar não só o incômodo físico, como ajudar na recuperação da autoestima e do convívio social. “Se por algum motivo os métodos de tratamento (cirurgia, medicamentos) não puderem ser aplicados, indico fazer grupos de mútuo-ajuda, em que os pacientes compartilham e dividem dificuldades, além de maneiras de se impor e estratégicas de enfrentamento”, explica.

Em relação a homens mais velhos, Marcia Stephan acha importante focar, além da questão da ginecomastia, em fatores relacionados ao envelhecimento natural, como a diminuição da testosterona, da libido e as transformações no corpo. “É importante trabalhar com a aceitação dessa nova situação”, conclui.

 

Fonte: Viva Bem UOL