Nota oficial sobre o estudo Terapia de Conservação da Mama

Em relação ao resultado do estudo divulgado no Congresso Europeu de Câncer 2017, na última segunda-feira (30/01/2017), que revelou que a terapia de conservação da mama tem, por diversas vezes, resultados superiores aos da mastectomia, a Sociedade Brasileira de Mastologia esclarece que:

  • A escolha da técnica cirúrgica para o tratamento do câncer de mama, seja para a retirada de todo o tecido mamário, que denominamos mastectomia, ou a retirada parcial, que recebe o nome de quadrantectomia, dependerá de uma série de fatores relacionados às características da paciente, da doença e até mesmo da disponibilidade de acesso a diferentes tratamentos. Essas diversidades tornam o assunto um pouco mais complexo do que simplesmente a definição de superioridade de uma ou outra técnica cirúrgica.
  • Fatores vinculados à paciente como a presença de outras doenças, além do câncer de mama, podem por vezes definir a necessidade de uma técnica em detrimento da outra. Pacientes portadoras de algumas doenças reumatológicas tornam a opção da mastectomia a melhor escolha, em decorrência da contra-indicação de radioterapia, que seria mandatória naquelas pacientes que são submetidas a quadrantectomia.
  • Além dos aspectos relacionados a cada paciente com câncer de mama, a decisão na escolha da técnica cirúrgica também está relacionada com a forma como o tumor se apresenta, e suas características. Por exemplo, tumores únicos e pequenos podem ser tratados com cirurgia conservadora da mama, mas tumores múltiplos na mama ou em diferentes focos, necessariamente implicam na realização de mastectomia porque todas as áreas de tumor devem ser retiradas com margem de segurança.
  • O tratamento que conserva a mama implica necessariamente na possibilidade de usar a radioterapia após a cirurgia. Então, este é um fator de extrema relevância e o acesso à radioterapia é imprescindível para que esta opção seja possível. Questões como a distância entre a moradia da paciente e o serviço de radioterapia, bem como a necessidade de permanência em até cinco semanas fora do seu domicílio podem definir a escolha de uma mastectomia em detrimento da quadrantectomia.
  • O que este estudo holandês, além de outros que vêm sendo publicados desde 2013 têm mostrado, é que os dois tratamentos podem ser escolhidos. A conservação da mama é tão eficaz quanto a mastectomia e, em algumas circunstâncias, pode ser melhor. A situação da paciente é que irá dizer qual é o melhor para o seu caso.
  • No Brasil, esta técnica é adotada desde que esses critérios sejam seguidos.
  • Estas análises estão sendo muito importantes porque desmistificam a idéia muitas vezes dominante na população de que ser radical é melhor. E reforçam também o conceito presente na cirurgia do câncer de mama de que muitas vezes menos é mais.

 

Rosemar Macedo Sousa Rahal

Profª Adjunta da Universidade Federal de Goiás

 

Antonio Luiz Frasson

Presidente da Sociedade Brasileira de Mastologia